Fernando Lopes Graça (Tomar – 1906; Parede – 1994) é patrono da nossa escola. Foi escolhido pela sua vida de compromisso com a música e com a luta antifascista. Muitas pessoas ainda se recordam de o encontrar nas ruas de Parede e da sua afabilidade. Hoje, dia 26 de abril, recordamo-lo, cientes de que o seu exemplo é inspirador na defesa da música, da cultura, da democracia, da liberdade. Fernando Lopes-Graça é considerado um dos maiores maestros e compositores portugueses do século XX. Estudou música em Tomar, em Lisboa e mais tarde, Paris. Frequentou também, a Faculdade de Letras de Lisboa, que viria a abandonar em 1931, em protesto contra a repressão a uma greve académica.
A sua vida e obra foram constantemente ameaçadas pela censura e repressão por parte da ditadura. Em 1931, foi preso pela polícia política, encerrado no Aljube e, a seguir, desterrado para Alpiarça; em 1934 concorreu a uma bolsa de estudo, na área da música, para Paris, mas a sua escolha pelo júri foi anulada por ordem da polícia política. Em 1935 foi de novo preso e enviado para o Forte de Caxias; em 1940 foi-lhe proposto dirigir os Serviços de Música da Emissora Nacional, não chegando a tomar posse do cargo porque recusou assinar a declaração de “repúdio ativo do comunismo e de todas as ideias subversivas” que, então, era exigida a todos os funcionários públicos.
A sua intervenção em revistas de oposição foi marcante, nomeadamente na Seara Nova, onde publicou 283 artigos (entre 1930 e 19741). Depois da II Guerra Mundial, integrou o mais importante movimento contra a ditadura: o Movimento de Unidade Democrática. No seu âmbito, criou o Coro do Grupo Dramático Lisbonense, mais tarde Coro da Academia dos Amadores de Música que, após a sua morte, foi renomeado Coro Lopes-Graça.
Tornou-se militante do Partido Comunista Português e na década de cinquenta as orquestras nacionais foram proibidas de interpretar obras de Fernando Lopes-Graça; os direitos de autor foram-lhe confiscados e foi-lhe anulado o diploma de professor do ensino particular, sendo obrigado a abandonar a Academia dos Amadores de Música, à qual só regressaria em 1972.
Fernando Lopes Graça tem uma vasta obra musical reconhecida internacionalmente, o fim do Estado Novo traduziu-se no reconhecimento oficial da importância do compositor para a cultura portuguesa e na luta contra a ditadura.
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/biografia-vida-e-obra-de-fernando-lopes-graca (consultado em 14/10/2022, adaptado)
Documentários:
Fernando Lopes-Graça: Compositor – Parte I
Fernando Lopes-Graça: Compositor – Parte II