no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia
Autor: Professor Jorge Ferreira
A ilha de São Miguel é um território privilegiado para o estudo do vulcanismo, uma das matérias que faz parte do referencial curricular da disciplina de Biologia e Geologia do ensino secundário. Ali encontram-se diversas evidências de vulcanismo ativo, incluindo manifestações geotérmicas que têm o seu expoente máximo na hidrópole das Furnas. Também constituem testemunhos de vulcanismo ativo diversos aspetos da paisagem gerados por erupções históricas.
Mas idealizar uma verdadeira visita de estudo para um destino distante, como este, ainda que em território nacional, com tudo o que isso implica, exige mais do que apreciar e compreender a paisagem vulcânica. E é porque a ilha de São Miguel tem potencial para satisfazer objetivos pedagógicos mais abrangentes que se realizou este projeto.
Com efeito, para além de contactarem, in loco, com formações geológicas e morfologias vulcânicas, de acordo com uma seleção de locais que satisfaz as exigências curriculares e de que não há registo no território continental.
Os alunos tiveram oportunidade de complementar o seu programa formativo com visitas à Central Geotérmica da Ribeira Grande e ao CIVISA – Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores, dois pontos altos do programa.
No primeiro deles, perceberam como se produz eletricidade, a partir da energia geotérmica, e, no segundo, ficaram a saber como funciona um sistema de monitorização das atividades sísmica e vulcânica de todo o Arquipélago, com o que isso significa na área da proteção civil. Trata-se, afinal, das duas áreas em que a Geologia mais impacta a sociedade – a dos recursos geológicos e a da prevenção dos riscos naturais.
Outras atividades tiveram lugar:
– numa unidade produtora de ananás (“Boa Fruta”), para que os alunos conhecessem práticas de agricultura biológica e compreendessem o sentido prático daquilo que aprendem no âmbito do transporte de fluidos nas plantas (concentração de açúcar nos frutos) e da reprodução nas plantas (criação de novas variedades e replicação de variedades com maior valor comercial);
– na Gruta do Carvão, um túnel de lava exemplarmente explorado, como espaço de visitação e aprendizagem;
– na Caldeira Velha e respetivo centro de interpretação, uma área de grande beleza natural, onde se combinam as manifestações geotérmicas ligadas ao vulcão do Fogo com uma flora luxuriante que inclui plantas cuja existência, na Terra, remonta a tempos anteriores à passagem dos dinossauros pelo planeta.
As condições meteorológicas obrigaram a cancelar uma atividade promovida pelo OMIC – Observatório Microbiano dos Açores, que se encarrega do estudo das bactérias extremófilas que vivem nas nascentes hidrotermais e a visita ao magnífico jardim botânico do Parque Terra Nostra, um ex-libris dos Açores. No entanto, aqui, os alunos puderam usufruir da enorme piscina termal, com 250 anos, outra evidência geotérmica relacionada com o vulcão das Furnas.
Este projeto, com um programa muito preenchido, constituiu uma experiência de aprendizagem marcante para todos os participantes, não tanto pela sua duração ou por incluir viagens aéreas, mas pelo seu valor pedagógico e pela mais-valia social que representou, permitindo evidenciar as competências detidas pelos alunos, neste domínio. A componente do convívio foi muito valorizada pelos jovens e pelos três professores que os acompanharam (Jorge Ferreira, Marco Mendes e o Diretor do Agrupamento, José Guerreiro), o que ajudará a recordar, com saudade, esta iniciativa.
À União de Freguesia de Carcavelos e Parede, uma palavra de agradecimento, pelo apoio financeiro que permitiu que nenhum dos alunos fosse impossibilitado de participar na atividade, por constrangimentos orçamentais das respetivas famílias.